A Melancolia na contemporaneidade é algo inerente ao cotidiano da grande maioria da população, tratando em particular do país em que vivemos. A Melancolia não sendo somente relacionada à perda de alguém, mas também de um algo, algo esse, muitas vezes não compreendido em sua totalidade pelo sujeito que vivencia sua perda. Somos todos sujeitos em falta, mas essa falta em meio a um turbilhão de informações ao qual estamos submetidos a todo o momento, torna-se uma constante cada vez mais insaciável.
Freud,
em sua obra “Luto e Melancolia” explica bem essa realidade, traçando o
contraponto e a relação entre a vivencia desses dois processos, que está cada
vez mais inserido na vida das pessoas, qual seja o tipo de perda.
Para
Freud, o Luto se refere à perda de alguém, ou algo amado, e não confere ao
indivíduo um estado patológico, é uma fase transicional, assemelha-se a
Melancolia, mas possibilita ao individuo responder a estímulos do ambiente, e o
sentimento de culpa é limitado, não havendo sua exacerbação. Já na Melancolia,
a perda não precisa ser necessariamente material, mas sua perda também
simbólica, a perda neste caso (muito mais frequente) como relatado acima,
muitas vezes não traz claramente o que se foi perdido. Sua característica
principal é a falta de respostas aos estímulos ambientais, e seu completo
desinteresse por tudo que está ao seu redor.
Uma
rotina muitas vezes desgastante, uma desordem estrutural, a dificuldade em
alcançar objetivos previamente estabelecidos, entre outros motivos, levantam
grandes questionamento a respeito da finalidade de todo esse esforço, mediante
o labor, e a relação com multitarefas. O indivíduo hoje precisa ser múltiplo,
para que possa conseguir arcar com todas as suas responsabilidades, e quando se
dá conta, vê-se perdido em um vão, que o posiciona em direção a caminhos, que
irão decidir a forma que esse sujeito irá se relacionar com o meio ao qual está
inserido.
Os
dias perdem a sua capacidade de comportar tudo o que se considere necessário
ser feito, não há mais tempo para contemplar a natureza, e muitas questões
acabam se automatizando, a praticidade invade o cotidiano, e toma formas como
os meios de comunicação, que tentam estabelecer uma ilusória proximidade, mas
atém todos os seus adeptos às suas limitações, que talvez distanciem ainda
mais.
O
tempo passa cada vez mais rápido, e a perda ainda que inconsciente, retrata
justamente essa realidade. Prioriza-se a satisfação de desejos e faltas, que em
sua grande maioria corresponde a faltas materiais, dando lugar a novas faltas
impostas pelos valores sociais atuais que visam o consumo exacerbado. As
relações interpessoais são colocadas em segundo plano e onde essa falta, ao
contrário do material, não é suprida, onde o caminhar do tempo só a faz
aumentar. O vazio torna-se indetectável, não mais se conhecem, não mais se
entendem, a falta já existente faz-se cada vez mais incompreensível, e
desencadeia muitos outros fatores que hoje em dia ultrapassam as fronteiras
suportáveis pelos indivíduos.
Sendo a melancolia, há muito abordada por
diversos escritores e filósofos, ganha hoje ainda muito mais força, e maior
notoriedade. Seu estado muitas vezes relatado como forma de contemplação, hoje
se dá principalmente como fonte de angustia, recebendo também na atualidade,
outras significações, mas sua essência continua a mesma.
Por: Gabriela Florêncio, Pâmela Piccinini, Roberta Rodrigues
Uma boa diferenciação entre luto e melancolia faz toda diferença, pode-se tomar caminhos que levam ao ponto central que exige atenção, ajudando o paciente/cliente a se encontrar e redefinir sua posição.
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