Com
a greve de policiais e bombeiros militares, o estado vive dias de pânico.
Diante do mito da não violência brasileira, como explicar tamanha exibição
continua de violência no país, onde diante de diversas manifestações, fica circunscrita
ao campo da delinquência e da criminalidade? “A profissão de policial militar é
uma atividade de alto risco, uma vez que esses profissionais lidam, no seu
cotidiano, com a violência, a brutalidade e a morte.” (Marcos Costa, p.01,
2007) Assim sendo, da mesma forma que a sociedade exige e necessita de
policiais competentes e honestos, esses profissionais precisam também da
dignidade de um salário justo, visto que, dedicam suas vidas pra assegurar a
vida alheia. É totalmente compreensível a indignação da população frente a
tamanha falta de segurança, acompanhada de diversos atos de vandalismo, mas
torna-se necessário, pensar-se no outro lado; será que o gigante acordou dessa
vez pra não dormir? Será que isso escancara apenas a falta de segurança? Lembramo-nos
do quanto é importante o trabalho deles agora que nos falta? Enquanto
acreditarmos que tudo se trata de uma crise, nada será feito e nada será
pensado.
Os
“arrastões” dos últimos dias nas cidades pernambucanas nos levam a reflexão
sobre a influência de grupos no comportamento dos indivíduos. Os primeiros
estudos sobre definições de grupo eram baseadas em
experimentos individuais, e com o resultado de tais experimentos se chegava a
uma generalização. Entretanto, com a
influência da 2º Guerra Mundial, tornou-se perceptível que as implicações
individuais não davam conta de explicar o comportamento social em sua
totalidade. As pesquisas de Zimbardo, baseadas no conceito Junguiano de individuação, apontaram para um novo conceito
denominado desindividuação. Este ultimo
refere-se a ausência do sentimento de individualidade, possível de verificar em
grupos nos quais se adquire um anonimato físico ou em que a autoconsciência
passa a ser reduzida. As cenas do vídeo acima fazem referência exatamente a este
fenômeno. As pessoas que vemos invadindo a loja de eletrodomésticos
dificilmente realizariam a mesma ação se estivessem sozinhas ou em um grupo
menor e menos influente.
A
influência dos grupos é perceptível durante todas as fases da vida entretanto, na
adolescência, o grupo é uma das
principais estratégias utilizadas para demarcar uma identidade própria. Por isso é comum que adolescentes se
reúnam nas determinadas tribos. O
comportamento dos mesmos toma como ponto de referência o grupo ao qual está
inserido. Alguns autores chegam a afirmar que não existe adolescência sem
transgressão. Portanto é comum que nestas ações nas quais um grupo transgrede
de forma radical, os adolescentes a ele pertencente ou que queiram se inserir
no mesmo tendam a agir de forma coerente, pois assim ganham a atenção dos
demais membros podendo, portanto demarcar seu território.
Segundo
uma pesquisa feita por Marcos Costa, (2004-2005), através de um estudo
descritivo, com corte transversal, ele procurou descrever os níveis de estresse nos policiais militares na cidade de Natal, com base na avaliação individual de
cada um dos membros desse grupo. A
população de interesse era composta de 3 193 indivíduos divididos em oito
conglomerados (unidades militares), que eram, por sua vez, divididos em quatro
subgrupos hierárquicos. A partir daí, foi dimensionada uma amostra aleatória
estratificada; a amostra foi estratificada de acordo com os quatro grandes
grupos hierárquicos existentes na corporação. Os dados foram coletados por meio
do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL) (8). Esse
instrumento foi desenvolvido para medir o nível de estresse global e não
ocupacional em jovens e adultos. O ISSL, utilizado em inúmeras pesquisas e
trabalhos na área do estresse no Brasil (9–12), emprega um modelo quadrifásico,
com cada fase refletindo a intensidade do estresse: O ISSL é composto por 37
itens de natureza somática e 19 de natureza psicológica, sendo alguns
repetidos, diferenciados apenas em termos de intensidade. Os critérios de
inclusão adotados para a amostra foram: estar no mínimo há 2 anos na
corporação; concordância em participar do estudo, após informações detalhadas
sobre os seus objetivos; assinatura do termo de consentimento livre e
esclarecido; e pertencer ao CPC. O projeto foi aprovado pelo Conselho de Ética
e Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Os dados foram
coletados entre junho de 2004 e janeiro de 2005. Como resultado, são descritos
os resultados relativos à variável dependente do estresse entendido como um
processo patológico, resultante de uma reação orgânica do corpo às influências
externas e de condições anormais, as quais tendem a prejudicar a homeostase do
organismo. Dos 264 policiais investigados, 125 (47,4%) apresentaram estresse, contra
139 (52,6%) com diagnóstico negativo (P = 0,398). Embora a diferença não seja
significativa, o percentual de policiais com estresse é preocupante. Foi
observada uma expressiva prevalência de sintomas psicológicos, característicos
das fases de resistência e quase exaustão, em todos os postos hierárquicos da
corporação, tais como sintomas de nervosismo, irritabilidade excessiva,
raiva prolongada, cansaço excessivo, irritabilidade sem causa aparente e perda
do senso de humor. Os sintomas físicos mais prevalentes foram mãos e pés frios,
excessiva sudorese, tensão muscular, insônia, cansaço permanente, flatulência,
falta de memória e doenças dermatológicas. No presente estudo, os níveis de
estresse encontrados nos policiais militares de Natal foram semelhantes aos
descritos para homens e mulheres adultos brasileiros.
Por: Raí Ramos e Wellington Oliveira
Através dos grupos que os adolescentes se identificam podemos perceber que essa transgressão e muito mais ativada na presença de outras pessoas,onde a influência coletiva se faz presente neste caos que o estado presenciou nos últimos dias.
ResponderExcluirCom certeza. É tanto que podemos observar claramente as noticias dos jornais que mostram o indice de adolescentes envolvidos com gangues que praticam o vandalismo e outras coisas que sozinhos talvez eles nao fizessem, crescer a cada ano. Sendo o envolvimento com trafico de drogas o principal motivo que engaja esses adolescentes no mundo do crime. De 2011 a 2012 por exemplo houve um aumento de 14,3% no numero de apreensoes, segundo o Jornal O Gobo.
ResponderExcluirPodemos observar também , logo após os arrastões , percebemos que houve até um certo arrependimento pelo ato cometido por alguns. Alguns casos, o próprio saqueador devolveu o produto a loja a que ele surrupiou o(s) produto(s) entretanto, outros por motivo de '' força maior'' ( pais , familiares , e até mesmo ameaças de outrem ) fez com que devolvessem os objetos furtados. Vejamos, apesar do que foi visto por todos, ainda resta uma certa '' esperança'' de que mesmo sendo a maioria sendo de classe D ou E ,com pouca escolaridade,envoltos pela violência e a ignorância ,conseguimos perceber que mesmo tendo cometido o ato falho, alguns tem a capacidade de refletir do que é ''certo ou o que é errado '' perante a uma sociedade que tenta estabelecer a ordem e o bom senso.
ResponderExcluirEsse tipo de ação é demonstração verdadeira de como o país se encontra, sem investimentos suficientes na formação, que é essencial a população na intenção de a mesma não ter que ser sempre sub julgada por forças militares para o estabelecimento da ordem. Mas como isso pode ser possível se diante de uma crise não sabemos como agir? Simplesmente somos impulsionados cegamente a agir de forma impensada? Esses acontecimentos não devem só servir de reflexão para uma possível mudança, mas existe a necessidade de mudarmos a nossa realidade ou continuar assistindo, quem sabe muitas vezes de camarote, o nosso próprio fracasso.
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