Tudo é vário.
Temporário.
Efêmero.
Nunca somos, sempre estamos.
Chico Buarque
Os tempos atuais trazem novas formas de identidades,
novas possibilidades de ser e estar no mundo; isso se torna facilmente notável,
em uma sociedade contemporânea, marcada por diversas transformações; onde os
ideias de liberdade e autonomia são centrais, e os mais exaltados. Nos
primórdios, eram poucos os elementos que podiam gozar, desse sentimento de
liberdade e autonomia, e hoje, diferentemente dessa sociedade fraterna que se
existia, somos muitas vezes,
impulsionados a acionar nossos preconceitos e discriminações, excluindo
coisas e pessoas, que simplesmente por serem diferentes, são vistos de maneira
estranha, isso mostra e fala da nossa dificuldade, de trato com as diferença e
os diferentes, e com tudo aquilo que foge dos padrões de normalidade. Nas
sociedades tradicionais, o sujeito era determinado pela família, pela igreja,
por várias instâncias e por seu lugar na sociedade, o individuo ainda não era o
valor fundamental. Na sociedade contemporânea, diferentemente, a tradição tem
muito pouco valor, esses referenciais se fragilizaram, se tornaram pouco
seguros, para que nós ancoremos nossas identidades neles, e todos nós passamos
a poder ser narradores de nós próprios. Vivemos novas formas de ser e estar no
mundo, vivemos em um mundo, em constante transformação, e temos que nos
reinventar ao longo da vida.
E que em meio a essas mudanças e transformações constantes,
que possamos nos transformar em reticências, que possamos ser aqueles três
pontos interminaveis, que insistem em dizer que nada está fechado, e que a
esquina seguinte guarde sempre o inconstante, que não saibamos o que vai dar, o
que vai ser, quem vamos achar, que algo sempre esteja por vir. Nada pronto,
definido, tudo sempre em construção. Que
vivamos em uma eterna reticência, na
consciencia de que tudo é passageiro, e é o nosso ir que faz o caminho.
Afinal, nunca somos, sempre estamos. A vida se faz assim, estou indo e não
sei aonde o certo será.
"Longa é a viagem rumo a si próprio, inesperada é sua
descoberta." (Thomas Mann)
Por: Raí Ramos de Moura.
Engana-se quem diz que não muda, que é e sempre será a mesma pessoa. Como é possível isso? A cada dia vivemos novas experiências, temos novas oportunidades e isso muito ou pouco nos muda. Somos seres em constantes transformações, nunca satisfeitos, confusos.
ResponderExcluirComo bem foi citado na aula do professor Taciano, "eu não sou, eu estou sendo". É aquela velha história: hoje aqui, amanhã não se sabe!
Que texto ótimo Raí. Parabéns pela criatividade. :)
ResponderExcluirExcelente construção Raí. Concordo plenamente com o que foi dito. É praticamente impossível sermos hoje a mesma pessoa de ontem, após algumas experiências. E cada momento vivido vale como aprendizado para nos reinventarmos.
ResponderExcluirGostei muito do texto. Diz muito do que vemos constantemente em sala de aula, essa ênfase na identidade em construção. Uma desconstrução continua do que acreditamos.
ResponderExcluirE o mais bonito é isso, é sermos eternas reticências. Algo indefinido seguindo apenas a lógica do ser. Lindo texto.
ResponderExcluir