quarta-feira, 21 de maio de 2014

Adolescência: Um tempo mais lógico do que cronológico.

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       " Eu vejo o futuro repetir o passado
         Eu vejo um museu de grandes novidades
                               O tempo não pára."  (Cazuza)
                                                        
O começo da adolescência é facilmente observável, por se tratar da mudança fisiológica produzida pela puberdade, mas essas mudanças só acabam constituindo um problema chamado adolescência na medida em que o olhar dos adultos não reconhece nelas os sinais da passagem para a idade adulta.

A adolescência é uma ideia que é construída sócio-historicamente. É uma fase de transição, onde quase tudo se transforma, se renova; onde a roupagem da infância deve ser retirada e uma nova identidade encontrada. Fase de experimentações, dúvidas, emoções, comportamentos transgressores, diretos e responsabilidades, conquistas, que marcam uma nova forma de ser e estar no mundo. Onde surge o momento de estabelecer novos laços fora do ambiente familiar, que compartilham visões de mundo e os diferenciam dos pais, reafirmando sua singularidade.

Cabe à família a modulação das atitudes do adolescente que têm um limite entre o saudável e o patológico, procurando compartilhar esse trajeto com eles, sempre respeitando a busca por independência, característica dessa fase, uma vez que sentir-se acompanhado nesse momento de mudanças, pode lhe possibilitar amadurecimento e desenvolvimento pessoal. Ela é eleita, por Freud, como lugar de uma das mais difíceis e dolorosas tarefas que se deve empreender, ou seja, o desligamento da autoridade dos pais. Há pessoas que nunca superam esta autoridade, ou só o fazem de maneira muito incompleta. Bom é que os pais se mantenham enquanto referência. A adolescência é o momento de deixar para trás a criança idealizada pelos pais.

Há quem classifique a modernidade como um tempo adolescente, cujo modelo de referência é a adolescência. Na esfera social, Calligaris (2000) diz que estamos vivendo numa era em que o ideal social passou a ser o da adolescência. Calligaris (2000, p.68-69) diz que:

A imagem da infância deleita-nos porque nos consola e contém uma promessa. A imagem da adolescência feliz propõe-nos um espelho para contemplar a satisfação de nossos ávidos desejos se,  por acaso algum milagre, pudéssemos deixar de lado os deveres e as obrigações básicas que nos constrangem. A infância é, nesse sentido, um ideal comparativo. Os adultos podem desejar ser ou vir a ser felizes, inocentes, despreocupados como crianças. Mas, normalmente, não gostariam de voltar a ser criança. Como a adolescência toma hoje o lugar da infância no ideário ocidental, a coisa muda. O adolescente não é só um ideal comparativo como no caso das crianças. É um ideal possivelmente identificatório. Os adultos podem querer ser adolescentes.

Sabemos, no entanto, que a adolescência, é também tempo de conflito e luto. Daí a importância dos grupos de jovens, os quais acolhem os adolescentes através  do reconhecimento mútuo daquilo que estão vivendo, as tribos vão oferecer material identificatório. Não restam dúvidas de que a adolescência é um tempo de crise.

Por: Raí Ramos de Moura.


5 comentários:

  1. Por o adolescente estar vivenciando o desligamento dos pais, ele busca os grupos, as tribos, pelos quais se identifica para que ele encontre-se em si e construa a sua identidade, subjetividade.

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  2. Isso aconteceu comigo recentemente kkkkkk saí de casa para morar ,estudar e trabalhar fora, e minha mãe sempre dizendo que eu deveria tomar responsabilidades coisas de mãe e tal, com um ano mais ou menos , ela pede pra eu voltar pra casa. Não sei qual foi o real motivo , mas a vontade que ela tinha que eu voltasse pra perto dela, era muito bem percebido por qualquer um... kkkkkk Uma hora elas querem distância outrora querem novamente a cria ao seu lado kkkkk muito interessante isso .

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    1. eu também passei por isso recentemente... é muito interessante estudar as fazes que passamos e ver que mudamos tanto em tão pouco tempo.

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  3. Observação : Cassio Vila , ultimo comentário

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  4. Como a música mesmo fala “O tempo não pára”, as mudanças e as evoluções são constantes, as coisas vão acontecendo muitas vezes sem que percebamos, é uma corrida conta o tempo, e é de suma importância à presença dos pais da mesma forma que é de suma importância o rompimento na hora certa e de maneira certa!

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