quinta-feira, 22 de maio de 2014

Perspectiva

A linha descreve um espiral de acordo com a ótica que é dada pela ilusão.
Mas os sentidos vão na contramão, fugindo à razão.
O traço guia o círculo,
Mas talvez você apenas enxergue um ponto.
Projetada num canto (tão distante…) a luz é formada.
Refletida, distorcida, impedida…
Vista de dentro pra fora, impelida.
Amarrada aos seus pés, pisada.
Num salto, é libertada.


O que você vê? Qual é a sua lógica? Onde você está? Onde você se encontra?

   Num dado momento do tempo e do espaço o desafio nos alcança, algo bem maior do quê gostaríamos de imaginar, o desafio de encarar o outro. O que ele sente, enxerga, fala, ouve... é dele. E qual é o seu papel diante disso, além de respeitar as fronteiras dos "Eus"? O que eu vou fazer com o "eu" que me foi dado? Eu sou ou eu estou sendo?

Imagem retirada do We Heart It
   Projetado num canto o pensamento é criado, no real é distorcido, pelo outro é ignorado, amarrado. As algemas da liberdade agem como um troféu na mente, aquilo que eu não sou diz respeito ao que sou quando penso, até mesmo antes do pensamento ou ideia tomar forma. Num salto é libertado, salto alegórico, representante psico-espiritual, determinante para a nossa liberdade emocional diante do "estar no mundo".
   De que ordem é a palavra que nos rodeia e o olhar que permeia?
A utilização da linguagem é algo tão antigo quanto o próprio sentimento, e tão múltipla quanto a capacidade de expressão. Há em cada espaço em branco uma palavra a se fazer, há entre dois olhares um universo de significações, há entre dois corpos dois seres desejantes. Mas afinal, eu tenho um corpo que me separa do outro ou eu sou o corpo da minha própria separação? Sou carne enrolada em linho, sou alma procurando um destino...

Quantas palavras cabem em mim?
Quantas letras existem entre nós?
Quantas con-soantes separam o “eu” e o “tu”?

   
Por: Catarina Lacerda (as poesias são de sua própria autoria).

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