domingo, 18 de maio de 2014

A luta continua. E você, já fez o seu dever de casa?

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"A história da nossa psiquiatria é a história de um processo de asilamento; é a história de um processo de medicalização social". (Amarante, p.74, 1994).

O Movimento da Luta Antimanicomial nasceu no Encontro Nacional de Trabalhadores da Saúde Mental, em 1987, em Baurú, com o lema “por uma sociedade sem manicômios”. Lutava-se pelo fim do tratamento desumano que recebiam as pessoas em sofrimento psíquico, e pela instalação de serviços alternativos. Uma das conquistas desse movimento foi a Lei 10.216/2001, que determina o fechamento progressivo dos hospitais psiquiátricos e a instalação de serviços substitutivos. O Movimento tem núcleos em todos os estados do país, sendo todos autônomos, propositadamente sem uma hierarquia.
 Basaglia, em 1971, fecha os manicômios, acabando com a violência dos tratamentos. Ele demonstra que é possível a constituição de uma nova forma de organização da atenção que ofereça e produza cuidados, ao mesmo tempo em que produza sociabilidade e subjetividade para aqueles que necessitam da assistência psiquiátrica.
 Hoje é o dia da luta antimanicomial, que vem sendo travada há muitos anos e muita coisa já conquistou, como por exemplo, o fechamento de diversos manicômios e a ampliação da rede de assistência psicossocial, porém as dificuldades enfrentadas ainda são muitas, umas das principais é a chegada desses serviços nos interiores, tendo em vista que um CAPS só pode ser aberto em uma cidade com no mínimo vinte mil habitantes. A linha entre sanidade mental e loucura é muito tênue, não podemos saber quem será o próximo a romper com a realidade, portanto, o sofrimento mental não é um problema de quem sofre, mas sim um problema de todos nós, essa luta é pela vida, entre para essa luta você também.

OLHARES DIVERSOS:
Por olhares sobre a Luta Antimaicomial.

“Vale ressaltar que esta luta não é uma luta que se trata apenas de quebrar a visão de instituição ou mesmo prisão com grades para pessoas com algum transtorno mental, mas também uma luta contra o preconceito, contra as taxações e achismos da sociedade, que não trancaviavam só os "loucos" por ter um transtorno, mas principalmente os "loucos" que deixavam de andar na linha que era imposta sociedade e passava a seguir seu próprio caminho e vontade, pessoas que eram apenas elas mesmas verdadeiramente e por este simples fato, por desobedecer as regras do jogo, eram trancafiadas, também rotuladas de loucos por mostrarem quem são. Então a luta vai muito além dos manicômios, de prisões com grades, hoje essa luta é principalmente fora dessa visão, é uma prisão sem grades, que amedronta, é para com uma sociedade que em pleno século 21 continua altamente preconceituosa.” (Carolina Corrêa de Araújo, 9º período, psicologia, UniFavip).

"A luta antimanicomial deve manter seus esforços em denunciar os atuais retrocessos na política de atenção em saúde mental, mobilizar ("convocar vontades") e ser articulador no campo, ampliar sua capacidade de concorrência discursiva no campo da saúde mental e sempre, a partir da voz/demanda dos usuários dos serviços de saúde mental continuar a luta pela garantia dos seus direitos civis e humanos.(Michaelly Porto, 7º período, psicologia, UniFavip)
“A luta antimanicomial, mais do que uma simples luta, é um movimento que visa a desconstruir séculos de injustiças e preconceitos.” (Paulo Sergio Brito, 9º período, psicologia, UniFavip)

 "Devemos pensar no outro como pensamos em nós mesmo. Liberdade é um direito de todo cidadão. Porque ser louco é normal. Digamos sim aos direitos humanos"! (Débora Silva, 7º período, psicologia, UniFavip)

“A Luta Antimanicomial, representa um marco importante, não só para a classe dos psicólogo e da psiquiatria, mas sim ,um passo para uma reflexão a sociedade narcísica, onde o louco não é mais o louco de outrora, ele hoje tem um papel fundamental em nossa sociedade, quebrando as prisões reais e principalmente simbólicas , ainda temos muito que mudar, A luta continua.” (Paulo Azevedo, 9ª período, psicologia, UniFavip)


"A Luta Antimanicomial é um movimento da sociedade brasileira que parte do reconhecimento que “trancar para tratar” é ineficaz, o manicômio retira a identidade, seqüestra a subjetividade do individuo.É explicito que o seu objetivo principal é favorecer a obtenção de lucros para classe burguesa. Deixando de lado o verdadeiro compromisso com a saúde mental. Abraçar essa causa é sinônimo de cidadania, liberdade, saúde. Portanto é dever de todo profissional e futuro profissional de saúde aderir a essa causa, e dar continuidade a essa batalha. Não ao manicômio." (Aires Negreiro Filho, 1º período, psicologia, UniFavip).

E você, qual é o seu olhar sobre a Luta Antimanicomial?


Texto por Raí Ramos, Rayana Borba e Laisse Arruda; entrevistas por Raí Ramos.


6 comentários:

  1. Acredito que atualmente a luta voltou-se principalmente para a questão do preconceito que esses sujeitos sofrem fora do espaço fechado. Temos que pensar que a sociedade precisa de uma limpeza sim, mas é no preconceito e não na exclusão de sujeitos que fogem do padrão imposto pela sociedade.

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  2. Concordo com Laisse, a sociedade necessita ser trabalhada para desconstruir essa visão imposta ao longo dos anos e olhar para uma pessoa em sofrimento mental sem preconceito e sim incluindo socialmente com todos os seus direitos como cidadão. "Manicômios não, caps sim"

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  3. O grande problema infelizmente ainda é o olhar que a cultura exerce sobre essas pessoas, o medo parece ter sido algo que ficou para traz, mas de uma certa forma ele ainda é permanente. Nosso olhar como futuros profissionais é diferenciado, mas estou farta de perceber maes incitando seus filhos a ter medo de moradores de rua que estao em sofrimento mental e fazendo comentarios horriveis, que retiram o lugar de humano dessas pessoas. Creio que em cidades pequenas onde as informações onde os serviços que substituem o manicomio nao sao tao claras essa cultura de preconceito ainda é forte e será um papel de cada um de nos espalhar aquilo que conhecemos pelos lugares por onde passamos, para conscientizar nossos familiares e amigos da importancia que hoje se da a um olhar diferenciado para a saude mental

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  4. Concordo Tamires, a sociedade necessita ter um novo olhar para a pessoa em sofrimento mental. E nós como futuros psicólogos temos que estar implicados para essa luta continuar.

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    1. Pois é Rayana, e quem der as costas para isso, não sabe porque está nessa área... Infelizmente ainda existem profissionais sem nenhuma implicação, sem posicionamento.

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  5. A luta antimanicomial tem dado seus paços, porém ainda temos muito a trabalhar e divulgar sobre esse projeto que a sociedade não se inteirou completamente. Somos lutadores dessa causa e devemos fazer com que boas notícias sejam dadas, que os conceitos antigos que ainda se encontram no discurso da sociedade sejam modificados pelo desaparecimento de preconceitos que dificultam a vida em grupo.

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