Dentro
de um novo âmbito de conquistas, de uma nova faze de provações de capacidade,
de afirmação e confusão pelas regras antes supostamente conhecidas, o
adolescente passa por além de tudo isso uma mudança fisiológica que
sobrecarrega suas ansiedades.
A
letra desta música não muito atual, mas com uma letra muito interessante,
demonstra que o sistema ao qual a criança pertencia começa a se romper, ela
compreende que o seu “mundinho” está em transformação, que suas convicções já
não se confirmam, que existem outras verdades ou facetas da realidade dos
adultos ao qual ela confia não querem lhe integrar, subjugando sua capacidade
de recepção.
Entrando
em uma faze que deixa de ser criança e passa a ser-lhe cobrada
responsabilidades, o adolescente em seu julgamento de que poderia alcançar mais
liberdades de opinião, expressão e de ação vê não se realizando da forma
programada, certas vezes entram em engano pensando que tinham se “libertado”.
Dando-se
conta do controle que os pais ainda tentam manter sobre eles, os mesmos
invariavelmente vão tentar refazer “o sistema”, fazendo escolhas que marquem e
definam sua identidade, justamente o refrão da música incita estas ações
(Pense, fale, compre, beba / Leia, vote, não se esqueça / Use, seja, ouça, diga
/ Tenha, more, gaste, viva / Pense, fale, compre, beba / Leia, vote, não se
esqueça / Use, seja, ouça, diga), a tomada dessas posições independente da
recomendação dos pais, mas em concilio com outros de mesma idade que sabem
“como funciona a cabeça dos pais”, significa a tomada do seu Eu, do que o
adolescente realmente é ou deseja ser, fazer, enfim, sua identificação no grupo
social, no objetivo de integrar-se ao mundo adulto também.
Até
que ele venha a ser esse ser que tanto deseja muitas coisas irão acontecer, na
maioria das vezes sem que ele perceba ou se dê conta do que está acontecendo
com ele. É o momento onde acontecem muitos conflitos, intra e extra familiar,
parecendo mais que se instalou ali naquele meio um campo de guerra, no qual o
adolescente luta por uma coisa que ele acha ter: a liberdade. É daí que surgem
as frustações, pois os pais no exercício de sua função mostram que essa dita
liberdade na verdade não passa de mais uma ilusão adolescente.
Na
música isso é colocado:
“E eu
achando que tinha me libertado
Mas lá vem eles novamente, eu sei o que vão fazer:
Reinstalar o sistema.”
Mas lá vem eles novamente, eu sei o que vão fazer:
Reinstalar o sistema.”
Como
foi dito antes o adolescente se vê independente, quer tomar suas próprias
decisões, caminhar com seus próprios pés, os pais contrários a isso mostram que
a realidade é outra e impõem como foi citado na música, “o sistema”.
Apesar
de todos esses desencontros entre adultos e adolescentes, Cagliari em seu livro
“Adolescência”, colocou uma frase que nos deixa pensativos: “É possível que
surja um modelo de família em que adultos e adolescentes consigam viver
juntos”, e com essa colocação só nos resta à dúvida: será que realmente essa
relação de conflito um dia mudará?
Boas
perguntas merecem boas respostas, portanto caros leitores sintam-se convidados
por nós a respondê-la.
Por:
Paloma Cintra e Allyson Henrique
Acredito que onde houver etapas de vida diferentes, modos de pensar, de tomar decisões, de ver o mundo diferentes, sempre haverá conflito. E este não pode ser encarado como totalmente negativo, uma vez que é necessário que haja posicionamentos tanto de uma parte, quanto de outra para que o sujeito possa afirmar aquilo que deseja. Na vida precisamos tanto de quem nos apoia, quanto de quem discorda de nós... o relevante é o equilibrio disso
ResponderExcluirMandaram super bem, já ouvi muitas vezes essa música, mas nunca havia pensado nessa interpretação que vocês deram, muito legal gente, estão de parabéns
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAcho que esse conflito pode ser resolvido sim, vai depender da vontade das partes envolvidas. O que se faz necessário é a compreensão, tanto da parte dos pais como dos próprios adolescentes, tendo em vista que os pais também sofrem nessa etapa da vida dos filhos.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDeve-se aprender a conviver com esse conflito como uma forma natural da vida e não doentio, no final das contas... sempre estaremos "desconfigurados"... E o que fazer com esse "pane"?
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